Valquíria Tenório é professora, doutora
em Sociologia e pesquisadora de cultura, história e educação na temática etnicorracial.
Como é bom reencontrarmos
lugares, cheiros, pessoas, olhares que durante muito tempo não tínhamos a
oportunidade de encontrar. Como é maravilhoso saber que os amigos, mesmo com a
distância física e temporal, continuam tão presentes em nossas vidas. E mais,
como é importante, novo e saboroso apresentar para meu filho esses amigos e os
lugares em que vivi, dos quais tenho tantas lembranças boas. Essa é a sensação
que vivencio nessa semana em viagem à cidade de Pittsburgh, nos EUA. Uma
mistura de resgate de antigas sensações com a efervescência de novas
experiências.
Estou na cidade, oito anos após
a temporada que vivi aqui como estudante de doutorado, para uma série de
reuniões e para participar de um congresso internacional. Sou muito agradecida
pela oportunidade que tive de fazer parte de meu doutorado na Universidade de
Pittsburgh em 2008, tendo como orientador no exterior, o Prof. Dr. George Reid
Andrews, que me recebeu com cuidado e atenção, sendo agora parte de minha
história juntamente com meu orientador no Brasil o Prof. Dr. Karl Martin
Monsma, pesquisador minucioso, orientador e amigo para a vida toda.
Tenho dito para meus alunos que
viajar, conhecer outros lugares, pessoas, ideias, culturas é algo enriquecedor
e capaz de nos transformar, principalmente, se estamos dispostos a conhecer
outras realidades e nos livrar dos preconceitos. Para mim, morar em outro país foi
um desafio e um aprendizado enorme devido a distância, saudades de casa, por
ter que me comunicar em outra língua, porém rico em amizades, conquistas,
dificuldades vencidas. Há muitas oportunidades quando estamos no ensino
superior e espero que elas não desapareçam.
Enquanto acadêmica sou fruto
dessas oportunidades. Agências de fomento à pesquisa têm sofrido tremendos
cortes de verbas e passam a atender cada vez menos pesquisadores, restringindo
suas iniciativas e redefinindo suas prioridades de estudo e pesquisa. Conhecer
outros lugares e pessoas, ter a oportunidade de vivenciar outras experiências,
nos faz mais afeitos a entender as diferenças e compreender a diversidade, bem
como a nós mesmos.