Valquíria Tenório é professora, doutora em Sociologia e
pesquisadora de cultura, história e educação na temática etnicorracial.
Foi esse o título do trabalho que apresentei no Painel “Remapping
Blackness in the Atlantic and Pacific Worlds” do Congresso da LASA (Latin
American Studies Association) que neste ano comemorou 50 anos de existência.
Tal evento foi realizado em Nova York, EUA, cidade onde ocorreu o primeiro
congresso da LASA em 1966. Tal associação possui cerca de 9 mil membros de
diversas áreas do conhecimento distribuídos pelas Américas.
Tive o prazer de compartilhar um pouco de meus estudos
sobre a história da população negra de Araraquara, discutindo a invisibilização
dessa história, apresentando o caminho que utilizei para sua reconstrução, o
qual levou em consideração a existência do Baile do Carmo como evento capaz de
mobilizar uma parte da população negra local e de outras cidades da região no
passado e ainda nos dias atuais. Mostrei que esse evento e outros promovidos
por associações negras por todo o interior paulista são importantes objetos de
análise para se compreender uma forma de sociabilidade da população negra do
interior paulista e para se reconstruir uma parte de suas histórias não
contadas por aqueles que registraram as histórias locais, tidas como oficiais.
Na sessão em que apresentei meu trabalho éramos cinco pesquisadores
de países diferentes: Peru, Estados Unidos e Brasil, mas a intenção de remapear
a negritude era a mesma. Aproveitei cada minuto de minha exposição para
registrar a importância de resgatarmos as memórias da população negra que podem
nos dar subsídios para termos histórias mais completas, mais plurais das
cidades e lugares onde vivemos, para além daqueles registros que apontam apenas
a escravidão e abolição, a fim de termos conhecimento sobre as experiências,
vivências, capacidades de negociação, articulação da comunidade negra, seu
protagonismo e sua participação na construção do que hoje somos. E, uma vez
reconstruída essa história ela deve ser divulgada, incorporada, compartilhada.
Conseguimos encontrar pontos de
contatos entre apresentações e línguas distintas, trazendo vivências e
experiências similares que se entrecruzaram em algum momento antes e agora.