terça-feira, 5 de julho de 2016

Sensibilizar para romper com o racismo

Valquíria Tenório é professora do IFSP campus Matão, doutora em Sociologia e pesquisadora de cultura,  história e educação na temática etnicorracial.

No próximo mês de agosto, iniciarei no IFSP, campus Matão, um curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) na temática etnicorracial. Esse tipo de curso tem o intuito de atuar na concretização da lei 10.639 aprovada em 2003 que instituiu o ensino de História e Cultura Africana e Afrobrasileira no ensino brasileiro, tal lei é considerada um marco histórico da mobilização do movimento negro brasileiro, de intelectuais, pesquisadores da temática e do reconhecimento do Estado brasileiro da necessidade de políticas públicas visando uma educação para contemplar a diversidade encontrada no país, para destacar e dar visibilidade ao papel da população negra na construção da história brasileira.
Em 2008, a lei 10.639 foi alterada pela 11.645 que incluiu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura indígena. A maneira como essa história e esse conteúdo têm sido ensinados ou não tem me interessado muito. Penso que é preciso sensibilidade da comunidade escolar para a relevância desses temas, caso contrário eles continuarão invisibilizados. E o trato dessas questões deve ocorrer em todas as escolas sejam elas públicas ou privadas, se tenham alunos negros ou não. A intenção é valorizar uma herança, é ressaltar um protagonismo que existiu e existe, mas é também romper com o racismo, com atitudes discriminatórias a partir da educação.
 A comunidade escolar não pode se sentir isolada nessa tarefa, mas deve se repensar constantemente, por isso cursos de formação e atualização são importantes e necessários para a discussão dos temas, conteúdos, caminhos para a abordagem, mas fundamentalmente para o diálogo entre educadores de diferentes áreas, para ampliarmos as redes, para nos sensibilizarmos da urgência de rompermos com o silêncio do preconceito, da discriminação existentes não apenas na escola, mas em diferentes instituições sociais.
          Um curso de formação precisa levar em consideração as dificuldades, angústias, anseios que os educadores enfrentam em sua rotina em sala de aula, mas precisa também compartilhar e possibilitar a troca de experiências, de modos de fazer e sentir.