Valquíria Tenório é professora
do IFSP campus Matão, doutora em Sociologia e pesquisadora de cultura, história
e educação na temática etnicorracial.
Emoção,
lágrimas de alegria, reconhecimento, representatividade, empatia, responsabilidade,
quantas palavras para descrever a última sexta-feira dia 30 de julho. Dez
mulheres de Araraquara receberam o Prêmio Dra. Rita de Cássia Ferreira Correa,
uma mulher negra, advogada, atuante, repleta de ideias e forças para se
combater a discriminação, presidente da Comissão da Igualdade da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) subseção de Araraquara. Dra. Rita nos deixou muito
precocemente. A notícia de seu falecimento nos deixou estarrecidos. Na verdade,
ela seria uma das homenageadas pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino
Americana e Caribenha outorga feita pelo terceiro ano consecutivo pela
Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, na pessoa de sua
coordenadora Alessandra de Cássia Laurindo. Nada mais apropriado e merecido que
reverenciar à Dra. Rita e transformar a homenagem em prêmio com seu nome.
A
existência de uma premiação para mulheres em Araraquara em consonância com o
Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha propõe uma conexão
ampla entre nós, afirma que as fronteiras físicas existentes não nos separam de
fato, propõe ultrapassarmos nossas diferenças linguísticas, culturais, temporais,
porque em algum momento construímos experiências similares que permitem nos
reconhecermos, nos sentirmos unidas. É bem verdade que é preciso vibrar na
mesma frequência e deixar o som se propagar de nossas vozes pelos lugares,
espaços, tempos. Com certeza, as mulheres homenageadas nessa noite têm vozes
diferentes, mas vibram por algo comum.
Eu
fui umas das homenageadas e foi uma honra dividir o prêmio com as demais
mulheres. Cada uma com histórias e posturas em diversos pontos similares e em
outros diferentes, mas nos sentimos conectadas. Gostei muito de uma expressão
que umas das homenageadas, Valesca Mendonça, utilizou no vídeo apresentado no
evento que ocorreu no Palacete das Rosas, nem todas as mulheres estão na linha
de frente dos movimentos sociais, participando das manifestações, indo para as
ruas, algumas cuidam do que ela chamou de semeadura do que pode ser colhido no
futuro: ideias, estratégias, sentimentos, projetos, textos, referências. Cada
uma atua com as ferramentas que dispõe, de acordo com seu perfil. Destaco
também que há muitas maneiras de nos movimentarmos em prol de um bem comum, os
movimentos sociais estão muito mudados hoje em dia, são diversos.
Para mim o importante e essencial é nunca deixar de
semear, de plantar para conseguir colher bons frutos.