Valquíria Tenório é professora
do IFSP campus Matão, doutora em Sociologia e pesquisadora de cultura, história
e educação na temática etnicorracial.
Na
última sexta-feira meu filho completou 5 anos de vida. Como o tempo voa, parece
que foi ontem que ele nascia. Como tem sido um desafio constante ensinar alguém
a viver no mundo. Um desafio de aprender também com ele como ser mãe. As
crianças são especiais, têm ainda aquele olhar atento para o mundo exterior,
tudo é motivo de curiosidade, se encantam com situações que nós adultos já
estamos por demais familiarizados e deixamos de viver, de nos importar, ou
ainda, levamos uma vida tão corrida que não temos tido tempo de parar e
observar o mundo ao nosso redor.
Quanto
tempo faz que você não olha para o céu e fica procurando nas nuvens imagens de
bichos e coisas? É bom tentarmos trazer as coisas simples da vida para o nosso
olhar. Que tal sentir o frescor do vento, rememorar uma lembrança antiga, fazer
bolha de sabão, sentar no chão, brincar e ouvir uma história. Coisas simples,
leves, que podem trazer doçura para a nossa vida, podem trazer mais delicadeza
e paz.
Eu
sei que o mundo está pegando fogo, a situação é dura, tensa, mas precisamos
buscar energia em algo para nos mantermos ativos, atentos, sem temer as agruras
que ainda virão. Eu sempre falo de construirmos redes, de termos o apoio de
mais pessoas ao nosso redor. Quando penso em criação de um filho não consigo visualizar
de outra maneira. É necessário que tenhamos essas redes, familiares, amigos, pessoas
que se envolvam e nos envolvam nesse ato tão profundo de apresentar o mundo a
um outro ser.
Tenho tentado construir esses laços, fundamentais para
tudo na vida, afinal o ser humano não quer ser sozinho, mas que mundo devemos
apresentar aos nossos filhos? O que ensinar? Como ensinar? Como não reproduzir
situações e ações que só têm servido para alimentar o machismo, o racismo? Eu
me faço sempre essas perguntas, me preocupo demais em passar a existência de
uma pluralidade no mundo, da diversidade de pessoas, ideias, olhares, verdades.
Me preocupo em ser exemplo, às vezes, me angustio, reflito o tempo todo, porque
desejo o melhor para o meu filho, e o melhor não pode ser apenas para ele, mas
para todos que ele vier a ter contato, a se relacionar, desejo que ele seja uma
boa pessoa, feliz, e que tenha empatia pelo outro sempre.