terça-feira, 8 de novembro de 2016

Arte Africana e Afrobrasileira

Valquíria Tenório é professora do IFSP campus Matão, doutora em Sociologia e pesquisadora de cultura, história e educação na temática etnicorracial

Tivemos no último sábado a oportunidade de aprender um pouco sobre Arte Africana e Afrobrasileira no curso de extensão História e Cultura Africana e Afrobrasileira que está ocorrendo no IFSP, campus Matão desde agosto, sendo voltado para a formação de professores(as) em consonância com a existência da lei 10.639/03 que instituiu o Ensino de História e Cultura Africana e Afrobrasileira em todos os níveis de ensino no Brasil.
A discussão foi bastante intensa e conduzida pela amiga, professora de Arte e doutoranda em Educação, Christiane Tragante que nos fez pensar sobre os significados da arte e, em especial, da Arte Africana, ou como concluímos durante a aula, artes africanas, assim no plural, a fim de dar a dimensão da riqueza e diversidade que há no continente, não sendo possível pensar de maneira generalizante.
Vale a pena mencionar que o segundo parágrafo da lei 10.639/03, menciona que “os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.” Essa seria uma justificativa importante para termos um módulo sobre Arte no curso de formação que estamos realizando, ou seja, esse módulo foi elaborado para que pudéssemos refletir buscando uma maneira de romper com as pré-noções e estereótipos que existem sobre a arte africana e também sobre arte afrobrasileira.  
Para quebrarmos essas barreiras que estabelecem fronteiras tão rígidas sobre o próprio sentido e significado da arte torna-se necessário que tenhamos a mente aberta e percebamos o quanto essas categorias são construídas dentro de paradigmas, digamos, eurocêntricos.
É necessário um olhar para a arte africana e seus artistas com outra perspectiva, pois muitos livros e estudiosos de arte usam conceitos como arte primitiva, mas, primitiva para quem? Outros desconsideram a existência da arte no continente africano quando escrevem seus manuais e álbuns de História da Arte, porque não consideram o que foge aos padrões estabelecidos.
          Se por um lado podemos e precisamos aprender sobre as manifestações artísticas dos diversos grupos sociais e étnicos existentes nos diferentes países do continente africano, por outro temos a oportunidade de repensar as razões das dificuldades em lidarmos com essa arte, em reconhece-las e o quanto estamos impregnados por um pensamento que teima em se manter e invisibilizar séculos e séculos de história e cultura.