Valquíria Tenório é professora
do IFSP campus Matão, doutora em Sociologia e pesquisadora de cultura, história
e educação na temática étnico-racial.
Essa é uma expressão utilizada por grupos sociais na
África do Sul cujo significado vem bem ao encontro de minhas reflexões, “eu
respeito você, valorizo você e você é importante para mim”. Precisamos muito de
Sawabona! Teríamos um mundo bem melhor se conseguíssemos conduzir nossas vidas
tendo esse ensinamento como princípio básico. Gosto quando palavras traduzem
emoções, simplificam lições necessárias, mas elas devem ser vividas de fato, não
apenas proferidas ao vento ou, nesse nosso novíssimo mundo, nas redes sociais.
Eu respeito todas
as formas de religiosidade, respeito aqueles que acreditam, os duvidosos, os
certos na descrença, são todos importantes para uma visão mais plural de nossa
realidade. Algumas pessoas me encantam na maneira como se colocam no mundo, na
maneira como expõem suas ideias e como conquistam nossa atenção. Me encantam
ainda aquelas pessoas firmes, fortes, convictas, e também as doces, serenas,
calmas. Me encanto pelas pessoas e suas características, suas peculiaridades e singularidades.
Pude viver esse encantamento no último dia 21 de janeiro (Dia
Nacional de Combate à Intolerância Religiosa) em Araraquara, no Centro Afro
“Mestre Jorge”, ao participar do 1º Encontro de Combate à Intolerância
Religiosa. Destaco o gosto de ver a atuação de Francisco Luiz Salvador, o Kiko,
a frente do cerimonial, trazendo sua vivência e nos brindando com seus
conhecimentos. Compuseram a mesa o prefeito municipal Edinho Silva, a coordenadora
de Políticas para a População Negra e Indígena do Estado, Elisa Lucas Rodrigues,
a deputada estadual Márcia Lia, a vereadora Thainara Faria, a secretária de
Planejamento e Participação Popular, Juliana Agatte, o presidente do FECUMSOL
(Federação Espírita de Umbanda e Candomblé Morada do Sol), José Francisco Tomé
dos Santos, o cientista social e mestrando em Sociologia Geander Barbosa e o
novo responsável pela CEPPIR (Coordenadoria Executiva de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial) Luiz Fernando Costa de Andrade, um jovem brilhante, que
herdeiro de uma tradição de luta e conquistas de gestores anteriores passa a
atuar e traçar estratégias para uma Araraquara quase bicentenária.
Todas as falas das autoridades foram inspiradoras como as
intervenções e relatos do público presente, vindos de diferentes pontos da
cidade e região. Mostraram problemas traduzidos no desrespeito, na ânsia por
tentar dissuadir o outro de suas especificidades e suas maneiras de viver a
espiritualidade. Nessa guerra, as religiões de matriz africana continuam sendo as
mais atacadas. Essa guerra envolve poder, o poder de nomear o mundo espiritual,
o poder de dizer qual espiritualidade é aceitável e outros tantos pequenos e
grandes poderes.